<i>Venha cá</i> ver como é...
Não é a alegria e a boa disposição do anúncio da televisão que impera entre os trabalhadores da cadeia Pingo Doce, do grupo Jerónimo Martins. A afirmação é do Organismo do PCP para as Grandes Superfícies de Lisboa que está a distribuir um comunicado a trabalhadores e clientes onde denuncia as condições de trabalho naquela cadeia de supermercados: «para além dos baixos salários, reina a total falta de respeito pelos trabalhadores.»
Os operadores de loja, acusa-se no comunicado, «são também limpadores de fossas com a mesma farda com que atendem os clientes, em vez de serem contratadas as empresas especializadas para fazer tal serviço». O mesmo se passa com a limpeza dos tectos, paredes, balcões ou interiores dos frigoríficos – são efectuadas por operadores de loja, em escalas iniciadas às quatro horas da manhã. São também estes trabalhadores a ir ao cais buscar os porta-paletes, «a maior parte das vezes avariadas por falta de manutenção, o que obriga a enorme esforço físico devido às cargas de peso excessivo».
O PCP denuncia ainda a existência de contratos individuais ilegais. O trabalho temporário, lembram, não pode ultrapassar os seis meses e no Pingo Doce há muitos trabalhadores que são despedidos ao fim de 6 ou 12 meses e que deviam ter um contrato efectivo porque desempenham funções permanentes. Segundo se lê no comunicado, ao contrário do que a lei estipula, os trabalhadores «não conhecem antecipadamente a sua escala de trabalho mensal», sendo muitas vezes o horário dado a conhecer no próprio dia. Além disso, o sindicato não é ouvido acerca dos horários, o que também viola a lei.
O PCP denuncia ainda o não pagamento das horas extraordinárias e o pagamento de salários inferiores aos das funções desempenhadas pelos trabalhadores – para além da perseguição e discriminação dos que pertencem às estruturas sindicais. Os comunistas consideram ser por tudo isto que os cofres do grupo Jerónimo Martins estão «cada vez mais cheios»: em 2010, os lucros do grupo cresceram mais de 10 por cento, para os 281 milhões de euros.
No comunicado, o PCP valoriza a luta organizada dos trabalhadores da cadeia Pingo Doce, que conseguiram mesmo «vitórias importantes», como a do pagamento dos retroactivos referentes a vários meses do ano de 2008. A participação na greve geral de 24 de Novembro de 2010 foi também salientada.